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quarta-feira, agosto 24, 2011

UMA EDUCAÇÃO PARA NOVOS TEMPOS - II

Aos educadores se pede uma ação eficiente na construção do conhecimento das novas gerações. Que valores ensinar? Como relacionar o momento atual com a história do Brasil e do mundo? O ideal de igualdade do século XIX é expresso hoje no anseio de uma sociedade igualitária no plano social e diversa no plano cultural. O cenário combina a democracia política com o desenvolvimento econômico sustentável e políticas públicas de promoção social. Importa saber da agenda positiva do desenvolvimento, mas a formação das novas gerações exige que se perceba também as carências.

A recente decisão do MEC de levar o livro didático à sala de aula, como mais um instrumento à disposição dos educadores e educandos nos procedimentos para a construção do conhecimento, anima os meios escolares. Saber que cada aluno, cada aluna, do início do ensino fundamental até o final do ensino médio, disporá de obras que envolvam as disciplinas, todas elas, as humanistas e as técnicas, para o exercício da leitura no ambiente escolar é de todo salutar e deve ser saudada com entusiasmo. No entanto, isto não nos exime de pensar as variantes da educação e instrução pública, que ainda são deficitárias.
O mundo se volta à construção de uma economia verde, tema do dia em fóruns da ONU e em organismos multilaterais. O Brasil sediará no próximo ano a conferência mundial sobre o meio ambiente, denominada Rio-92+20, recordando que este é um novo passo no caminho iniciado no século passado, de busca da sustentabilidade do planeta. Lá estarão ativistas ambientais, chefes de Estado e empresários e o tema predominante será a orientação verde para a economia mundial. A Embaixada Britânica no Brasil, através do seu birô de negócios e investimentos, preparou relatório para orientação aos empresários e financistas do Reino Unido (disponível em www.ukti.gov.uk/export/howwehelp/overseasbusinessrisk/premiumcontent/162800.html). Entre nós, poucas são as notícias, em especial entre professores e e estudantes.
Estima-se que, nos anos da Copa do Mundo e das Olimpíadas que sediaremos, o Brasil seja alçado à condição de quinta potência econômica mundial. Isto é importante, mas não basta. É preciso investir mais em educação e não qualquer educação. É preciso vincular mais o cotidiano escolar com a discussão dos temas do desenvolvimento econômico-financeiro-industrial e as agendas dos movimentos sociais, ambientais e culturais.
Alguns avanços recentes foram dados no sentido de integrar o nosso sistema de ensino, do básico à pós-graduação. Isto, todavia, ainda está no papel, são propostas que se visualizam na ampliação da rede de instituições de ensino técnico e superior e na re-estruturação do ensino básico. Corre-se o risco, no entanto, de fazer mais do mesmo, e nós sabemos que o nosso ensino está defasado com relação ao que se precisa para enfrentar a agenda deste século.
Há questões que são óbivas, mas é preciso sempre lembrar. Uma delas, o combate à corrupção, é um dos principais deveres de casa para os professores. É importante discutir com as crianças e jovens, os escândalos do legislativo, do executivo, do judiciário, os desvios de função de parte da polícia e dos agentes públicos que, com frequencia, não viabilizam as políticas capazes de atender as necessidades da população. Mas, não se trata, apenas, disto. É preciso ir a fundo no combate aos desvios de conduta no âmbito dos aparatos educacionais. A imprensa noticia rapinagem de dirigentes até na verba da alimentação escolar! Não é possível conviver com isto, num século que se propõe o desenvolvimento sustentável, isto é, desenvolvimento econômico com equilíbrio ambiental e justiça social.
De parte dos governos, é importante lembrar que só predios novos, novas salas de aula, mais computadores e mais bibliotecas não serão capazes de cortar o nó do nosso atraso relativo no campo educacional. É preciso estimular os professores, tanto pela implantação de um efetivo programa de formação continuada gratuito, em especial, para os educadores da rede pública, quanto pela criação de um plano de carreira que estabeleça para o jovem professor que hoje inicia seus serviços uma perspectiva de crescimento profissional, satisfação pessoal, assistência e previdência para a família.
Se a sociedade brasileira compreender a importância da valorização do professor, não apenas no plano ideal, mas no cotidiano da administração pública, teremos fôlego para incrementar o nosso desenvolvimento, não só até 2014, com a Copa, nem só até 2016, com as Olimpíadas, mas como prática permanente de todas as instâncias sociais.

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