| 

domingo, junho 19, 2011

UMA EDUCAÇÃO PARA NOVOS TEMPOS - I

Depois de algum tempo inativo, este blog volta a funcionar, buscando refletir a problemática da educação, em seu vínculo com a promoção social dos menos favorecidos. Espero que este retorno contribua na ampliação do debate sobre os rumos da sociedade e o papel da educação no desenvolvimento.
O desafio que se coloca, em qualquer época, aos educadores, é a ação eficiente na construção do conhecimento das novas gerações. As crianças exercem sua cidadania numa sociedade diferente, em vários aspectos, daquela em que seus pais e professores viveram. As transformações continuam ao longo da vida e o momento adulto dessas crianças será ainda mais distinto daquele dos seus pais. Para os que se preocupam com a relação entre a educação, o mundo do trabalho e a governabilidade, o desafio se amplia na medida das transformações aceleradas por que hoje passam a tecnologia, os modos de produzir os bens, os processos de geração de ideias e a velocidade da sua difusão, além do desgaste dos valores que sustentavam a sociedade e o terreno movediço da formação de novos valores.
Que valores ensinar? Como relacionar o momento atual com a história do Brasil e do mundo? Como relacionar os cento e quarenta anos da Comuna de Paris e sua proposta igualitária com o visto e o vivido na atualidade?.
O ideal de igualdade do século XIX é expresso hoje no anseio de uma sociedade igualitária no plano social e diversa no plano cultural. Isto, entretanto, tem que ser vivenciado, não apenas declarado. É preciso que os bens sejam abundantes e estejam disponíveis a cada um e a cada uma. Para que isto se efetive, é preciso que se ampliem: os processos de domínio da tecnologia e que esta seja permanentemente revolucionada; o constante incremento da produtividade do trabalho; a verticalização dos processos produtivos em todos os âmbitos da produção primária e que, além disto, o modo de vida seja transformado, priorizando o ser em relação ao ter e, portanto, ampliando o estoque de bens à disposição da cidadania.
Este aniversário da grande revolta de Paris, a primeira tentativa operária de chegar ao poder, ocorre num momento bem distinto para os trabalhadores brasileiros do momento do centenário, 1971, auge do plantão de Medici no gerenciamento da ditadura, acirrando o arrocho salarial e o desrespeito aos direitos dos cidadãos. Naquele momento, o Brasil vivia um efêmero soluço de prosperidade, uma bolha desenvolvimentista sem consistência, aliada a uma terrível ditadura que impunha o silêncio aos intelectuais, a perseguição aos professores e estudantes, o arrocho salarial aos operários, o confisco das terras aos camponeses, a mordaça e a perseguição aos sindicatos. O cenário que hoje se desenha combina a democracia política com o desenvolvimento econômico sustentável e o estabelecimento de políticas públicas que buscam alavancar a promoção social da população.
Para os que se comprometem com o fazer educação, não basta conhecer a agenda positiva do desenvolvimento, mas, também, saber das suas lacunas. A formação das novas gerações exige que se perceba as carências, entre as quais, no Brasil, destacam-se as seguintes: na Economia - tecnologia, capital, infra-estrutura da produção, infra-estutura logística; no Estado - gestão, educação, segurança, políticias sociais; na Vida Social - sociabilidade, solidariedade.

Nenhum comentário: