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sábado, maio 12, 2007

A MILITÂNCIA QUER DEBATER

Estou em Belém, onde vim a convite do Governo do Pará, para debatermos algumas questões relativas ao desenvolvimento sustentável no estado. Dias proveitosos tornaram possível para mim apropriar-me das novas tendências da economia e da política no Pará, ao mesmo tempo que permitiram ao governo tomar conhecimento da minha visão teórica e técnica acerca do que pode ser a contribuição de um governo de esquerda à construção de um campo popular informado e organizado, capaz de interferir proativamente no processo de desenvolvimento e colher seus frutos.

Aproveitando a minha presença na terrinha, o vereador Marquinho, morador e ativista comunitário do bairro do Jurunas, no qual também morei e desenvolvi minhas atividades comunitárias e políticas, convidou-me para realizar uma palestra sobre "Participação popular: seus limites e possibilidades". Foi um prazer receber esse convite, pois quando conheci o atual vereador, nos anos oitenta, eu era vereador e ele uma criança que às vezes acompanhava seu pai nas atividades comunitárias.

Nisto, aliás, o Jurunas está bem: o nosso bairro elegeu também o vereador Alfredo, já em segundo mandato. Sobrinho do companheiro Luis Braga (presidente da COBAJUR - Comunidade de Base do Jurunas, em várias ocasiões), vi o crescimento do Alfedo desde menino até que, adolescente, começou a participar da comunidade e do movimento estudantil. Nós nos organizávamos no CEDOP - Comitê Democrático Operário e Popular e várias vezes os estudantes secundaristas pediram a nossa sede para realizar reuniões.

É agradável a sensação do dever cumprido quando vemos este retorno do movimento popular. Seus jovens integrantes captaram a mensagem rebelde do passado e tranformaram-na em perspectiva de futuro. Não importa se estão em tendências políticas distintas, importa que não se vendem e não se rendem às marés conservadoras que seguidamente nos assolam.

Voltando ao debate de ontem, dia 11 de maio de 2007, impressionei-me com a quantidade de jovens militantes propondo-se ao debate teórico, em conjunto com os remanescentes do passado que souberam resistir à onda neoliberal e chegar ao tempo da participação popular sem desistir da luta. Sindicalistas, operários, professores, jornalistas, advogados, funcionários publicos, mulheres que vinte anos atrás emergiram das "fábricas de castanha" para a luta comunitária e política, trouxeram de volta o meu passado e a certeza de não ruptura entre as gerações de lutadores, que a minha geração teve que sofrer por conta do golpe militar. A presença de filhos, filhas, sobrinhos e sobrinhas de antigos militantes confirma essa continuidade, para que a história não se perca.

Os jovens estão militando, contrariando a opinião de muitos comentaristas apressados que vêem na atual juventude uma alienação endêmica ou uma recusa à política. Mas, não é só. Esses jovens cobram dos seus dirigentes o debate político, como cobram do governo de coalisão mais oportunidades para serem ouvidos. Para eles, o PTP - Planejamento Territorial Participativo é ótima iniciativa, mas tem que ser ampliado. Isto será discutido, certamente, nas equipes de governo, pois o debate foi presenciado por membros da cúpula governamental do Pará, sensível aos reclamos de participação e consciente da necessidade do debate.
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6 comentários:

Samuel Quintana de Souza disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Samuel Quintana de Souza disse...

Humberto,
Emocionante teu depoimento. Tenho certeza que ganha o governo e o povo do Pará com tua lucidez e espírito libertário, como, aliás, ganhamos nós os Gaúchos com tua presença por estas plagas. És um digno cidadão do mundo. Parabéns do amigo Samuel Quintana de Souza.

Editor disse...

Prezado Humberto, gostaria de mante rum contato com vç. Meu e-mail é mhesketh@amazon.com.br O assunto é o livro do Maklouf Contido a Bala.
Atenciosamente
Mario Hesketh

Ivan Therra disse...

Caro Professor!
Estamos aqui na beira da praia da Cidreira lendo esta emocionante passagem do tempo, que muda com o vento, e vento tem todo o dia! precisando muito entrar em contato. Favor fazer contato!
Grande abraço!
Ivan Therra

Blog do Miguel Oliveira disse...

Olá Humberto,
Achei tua página na internet.
Sou testemunha da tua luta e teu relato é uma prova de que o sonho
não acabou, mesmo para aqueles que têm visões diametralmente opostos, como eu e você.
Mas no passado, lá atrás, demos a nossa contribuição para a redemocratizaçao do pais, cada um a sua maneira.
Perdi o contato com você, é verdade, mas lembro-me bem das passeatas que liderastes.
Eu, muitas vezes, me perguntava se não deveria estar do teu lado. Mas entendia àquela altura, que poderia influir para o avanço da sociedade organizada.
Foi a partir de nossos contatos que tivemos a ousadia de propor à Câmara, quando eras vereador, a implantação de eleições diretas para diretores de escolas municipais, na administração do prefeito Coutinho Jorge. Infelizmente, fomos derrotados. Isso foi no ano de 1986.
No dia 30 deste mês, Coutinho faz 70 anos e se aposenta do Tribunal de Contas do Estado.
O tempo passou, meu caro.
Ficam as lembranças dos bons tempos de mobilização popular, do Resitência e da SDDH.
Moro atualmente em Santarém, e podes acompanhar o que produzo acessando o site www.blogdoestado.blogspot.com

Abraços,
Miguel Oliveira
Jornalista

Ana Paula disse...

Mais um blog discutindo politicas culturais http://monadoloblog.blogspot.com/